“Em meio às polêmicas envolvendo a campanha à prefeito de São Paulo do candidato Celso Russomano (PRB) e suas ligações políticas com a Igreja Universal do Reino de Deus, o jornalista Johnny Bernardo publicou artigo analisando as ideias do bispo Edir Macedo sobre fé e política, expostas no livro “Plano de Poder – Deus, os Cristãos e a Política”.
De acordo com
Bernardo, “o objetivo é claro: A Igreja Universal quer dominar o Brasil”, e
para isso, o líder da IURD montou uma estratégia complexa de crescimento e
influência na sociedade.
-Para realizar seu
intento – de criar uma nação evangélica e “governada” por Deus -, Macedo
estabeleceu uma série de estratégias, como eliminação das concorrências,
investimento maciço em meios de comunicação, influência da sociedade por meio
de campanhas de marketing e defesa de temas polêmicos, a exemplo da legalização
do aborto, e a busca do poder pela organização política – afirma o jornalista e
pesquisador Johnny Bernardo.
Johnny Bernardo
pontua ainda que as estratégias adotadas por Edir Macedo para a implementação
do suposto plano de domínio tem semelhanças com iniciativas tomadas em outros
países, com resultados negativos: “As estratégias definidas e seguidas por Edir
Macedo possuem paralelos com diversos movimentos destrutivos dos EUA e Europa,
mas, em especial, com a Igreja da Unificação, fundada em 1954 pelo Rev. Moon
(1920–2012). Assim como a IU, a Igreja Universal encara a formação da opinião
pública e o recrutamento de seguidores como elementos cruciais para o alcance
de seus objetivos”.
Confira abaixo a
íntegra do artigo “A Igreja Universal e seu plano de
domínio para o Brasil”, do jornalista Johnny Bernardo, publicado
pelo Genizah:
O objetivo é claro:
A Igreja Universal quer dominar o Brasil. Pré-definido no livro Plano de Poder,
Deus, os cristãos e a política (Edir Macedo com Carlos Oliveira, 2008), o
objetivo vem se desenvolvendo ao longo dos anos, e, nas eleições municipais de
2012, pretende se consolidar. Fé e política, no entender de Edir Macedo, são
elementos interligados aos quais os crentes devem se engajar.
Para realizar seu
intento – de criar uma nação evangélica e “governada” por Deus -, Macedo
estabeleceu uma série de estratégias, como eliminação das concorrências,
investimento maciço em meios de comunicação, influência da sociedade por meio
de campanhas de marketing e defesa de temas polêmicos, a exemplo da legalização
do aborto, e a busca do poder pela organização política.
Tomando como base
São Paulo – onde o candidato do Partido Republicano Brasileiro (PRB) ao
Executivo, Celso Russomanno, lidera as intenções de voto -, a Igreja Universal
coloca em prática sua estratégia de dominação política. Segundo o presidente
nacional do PRB e também bispo Marcos Antonio Pereira, a meta para 2012 é a
eleição de pelo menos 100 prefeitos e até dois mil vereadores, em todo o país.
Questionado pela relação
da campanha de Russomanno com a Igreja Universal e a TV Record – em uma
entrevista concedida ao portal UOL e Folha de São Paulo, no último dia 26 de
setembro – Marcos Pereira saiu em defesa da laicidade do Estado e a total
independência administrativa, caso Russomanno seja eleito, mas teve dificuldade
em explicar o motivo da composição “evangélica” do partido – dos 18 dirigentes
nacionais pelo menos dez são oriundos da Igreja Universal ou da TV Record,
segundo apontamento feito pelo cientista político Claudio Gonçalves Couto.
Um projeto de Deus
De olho no
crescimento dos evangélicos no Brasil – sendo hoje algo em torno de 42,3
milhões, segundo última estimativa feita pelo IBGE – o bispo Edir Macedo lançou
seu plano de domínio do Brasil, conclamando os crentes a participarem da tomada
do Poder. Afirmando seguir orientações divinas, Macedo relaciona à chegada ao
Poder como um projeto “elaborado” e “pretendido” por Deus.
“Vamos nos
aprofundar, através desta leitura, no conhecimento de um grande projeto de nação
elaborado e pretendido pelo próprio Deus e descobrir qual é a nossa
responsabilidade neste processo. [...] Desde o início de tudo Ele nos esclarece
de sua intenção de estadista e de formação de uma grande nação.” (Plano de
Poder, pág. 8)
A Bíblia, segundo
Macedo, não é apenas um livro de orientações religiosas ou de exercício da fé,
mas também um livro que sugere resistência, tomada e estabelecimento do poder
político e de governo. “Somente quando todos ou a maioria dos que a seguem
estiverem convictos de que ela é a Palavra de Deus, então ocorrerá a realização
do grande sonho Divino”, conclui Macedo colocando-se como canal da realização
do “grande sonho Divino”, que é o estabelecimento do Brasil como nação
“evangélica”.
Lançado às vésperas
das eleições municipais de 2008, o livro Plano de Poder revela o prognóstico
feito por Edir Macedo em seu plano de tomada do governo. Nele ressalta que tudo
é uma questão de engajamento, consenso e mobilização dos evangélicos. “Nunca,
em nenhum tempo da História do evangelho no Brasil, foi tão oportuno como agora
chamá-los de forma incisiva a participar da política nacional (…). A
potencialidade numérica dos evangélicos como eleitores pode decidir qualquer
pleito eletivo, tanto no Legislativo, quanto no Executivo, em qualquer que seja
o escalão, municipal, estadual ou federal”, afirma Macedo.
Semelhanças
As estratégias
definidas e seguidas por Edir Macedo possuem paralelos com diversos movimentos
destrutivos dos EUA e Europa, mas, em especial, com a Igreja da Unificação,
fundada em 1954 pelo Rev. Moon (1920–2012). Assim como a IU, a Igreja Universal
encara a formação da opinião pública e o recrutamento de seguidores como
elementos cruciais para o alcance de seus objetivos. Desenvolve, assim como na
IU, uma acirrada guerra contra meios de comunicação e religiosos concorrentes,
além de investir em times de futebol com foco em marketing de massa, e na ideia
de que estão “colaborando” com o estabelecimento do Reino de Deus, no mundo.
Acima de tudo, dizem atuar como canais de comunicação de Deus e dão forte
ênfase ao crescimento financeiro – sinal, segundo as igrejas, da retribuição
divina.
Por Tiago Chagas. Do
gospel+
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