A
ideia da versão jovem da bíblia foi do pastor Ariovaldo, que há dez
anos fundou a Igreja Manifesto Missões Urbanas de Uberlândia, voltada ao
público de roqueiros. Segundo o pastor, ele começou a escrever os
textos por hobby. Ele disse ter percebido que poderia falar de forma
mais profunda sobre religião, unindo humor e cultura contemporânea. “Na
verdade eu escrevi alguns textos para mim mesmo, tentando contar as
histórias da vida da maneira que a gente conversa no dia a dia. Quando
publiquei isso na internet comecei a divulgar em redes sociais. E várias
pessoas passaram a me escrever dizendo que eu devia fazer a Bíblia
toda”, contou o pastor.
Mas essa liberdade de expressão rendeu polêmica
na internet. Abaixo, alguns comentários de pessoas que leram a versão
Freestyle das Sagradas Escrituras. Por meio de opiniões publicadas na
própria página do pastor, enquanto alguns criticam, outros apoiam a
atitude.
* "Infelizmente estamos perdendo a seriedade da palavra de Deus, muito triste isso"
* "a Bíblia não fala que devemos nos adequar a este mundo"
* "Eu te encorajo a continuar escrevendo, vc alcançará mtas pessoas"
Apesar de ter total apoio dos fiéis da igreja, o pastor disse que já esperava o surgimento de pessoas contra a ideia.
Nas
ruas, a população também se divide. “É muito fora dos padrões, até
porque o Livro da Vida é a Bíblia e este linguajar não cabe muito bem”,
disse o motorista Aparecido Reis da Silva. Para a estudante Thays Silva
faltou respeito. “A Bíblia é algo de respeito. E isso ficou muito
vulgar”, argumentou.
Para a pesquisadora Sidneia Silva, a mudança de
estilo não é bem vinda. “A Bíblia tem que ser aquilo que nós vemos, da
maneira como está escrita. Se eu mudar uma palavra, uma pessoa mudar
outra, como vai ficar daqui a algum tempo ?”, questionou.
Frequentador da Igreja Manifesto, o técnico em
eletrônica Cássio Atestor contou que apoia o projeto. “Eu entendo que
seja uma forma de atrair as pessoas a lerem o texto original”, afirmou.
Já a atriz Laís Batista disse que a nova linguagem tende a alcançar
públicos diferentes. “Ela alcança novas tribos”, resumiu.
Sereno, o pastor disse que já esperava que nem
todos concordassem com a releitura. “A discordância vem por causa da
resistência que as pessoas têm à mudança do paradigma, da maneira de se
falar”, avaliou.
O
teólogo Manoel Messias disse que há pontos positivos e negativos na
escolha do pastor. “Em alguns textos, como o prólogo de João, o capítulo
6 de Mateus, o pastor mantém a ideia do texto, embora com uma linguagem
totalmente nova e, provavelmente, adequada ao público que ele tem
interesse de levar esta Palavra. Em outros lugares, ele faz uso de
alguns termos que talvez sejam um pouco fortes e desnecessários. Nestes
casos, talvez altere um pouco o sentido do texto original”, explicou o
teólogo.
Ainda segundo o pastor, ele escreve pelo menos um
capítulo por dia e o objetivo é publicar a versão completa e impressa da
Bíblia até o fim do ano que vem. No entanto, mesmo com toda a polêmica,
ele não pretende desistir de evangelizar neste estilo "rock and roll" .
“As críticas chamam muito a atenção, fazem muito barulho. Mas a
quantidade de pessoas que têm escrito e dito que têm sido abençoadas por
este trabalho compensa todo o esforço”, concluiu.
G1
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