Um
curso gratuito de estilismo e varejo de moda tem sido oferecido para
que ex-prostitutas possam trabalhar com criação de roupas e costura no
centro financeiro de Israel, Tel Aviv.
A fundadora do programa, Lilach Tzur Ben-Moshe,
trabalhava como redatora e editora de moda em um importante site de
notícias em hebraico e como voluntária no centro municipal de
assistência a vítimas de estupro, quando, há quatro anos, foi morar no
decadente bairro de Shapira, perto da estação rodoviária central. O
cenário degradante de seu novo bairro a despertou para todo o sofrimento
envolvido na indústria do sexo, e ela resolveu ajudar as mulheres a se
libertarem disso.
Ativistas contra a prostituição dizem que essa indústria movimenta mais de US$ 500 milhões por ano.
Israel, cuja população é de cerca de 8 milhões de
pessoas, tem entre 15 mil e 20 mil prostitutas. Embora agenciá-las e ter
um bordel sejam atividades ilegais no país, a prostituição não é crime.
Até poucos anos atrás, o país era um destino
preferencial de traficantes de mulheres. Calcula-se que, a cada ano,
3.000 mulheres eram trazidas, principalmente do Leste Europeu, para
trabalhar na indústria do sexo. No entanto, segundo o Relatório sobre
Tráfico de Pessoas divulgado em 2012 pelo Departamento de Estado dos
EUA, esse número caiu desde que Israel aprovou uma lei contra o tráfico
humano em 2006.
Na época da mudança de Tzur Ben-Moshe para Shapira,
foi inaugurado nas redondezas o Saleet, o primeiro albergue de Israel
para mulheres que queriam deixar a prostituição e estavam em
reabilitação. Tzur Ben-Moshe montou o primeiro curso com Ido Recanati,
um estilista local, oferecendo às mulheres do albergue treinamento em
modelagem, em tecidos e em costura.
Em seguida, passou a atuar com Stern Levi, que
trabalhara por 20 anos no centro de assistência a vítimas de estupro.
Ambos formaram a Associação Virando as Mesas (Turning the Tables) e são
diretores do programa, cujas aulas semanais se estendem por meses. Para
Tzur Ben-Moshe, tais iniciativas são “nossa pequena contribuição para
mostrar que há uma saída”.
Exemplos dessa mudança são a transexual Aviva, 48, e
Alona, 40, que veio com seus pais da Ucrânia para Israel no início da
década de 1990. Sua situação degenerou-se rapidamente após ela deixar de
trabalhar em um cassino para viver da prostituição. Aviva veio com sua
família da Índia para Israel em 1979 e, ainda homem, fez o serviço
militar obrigatório. Posteriormente, Aviva fez a transição para se
tornar mulher, mas não conseguiu achar trabalho. A solução foi cair na
prostituição. Após concluir o curso de moda, ela espera ter um emprego
como costureira.
Alona ouviu falar do albergue após visitar um
apartamento de emergência mantido por ele perto da estação rodoviária,
no qual as prostitutas de rua podiam tomar banho e descansar. Ela disse
que queria se tornar estilista em uma loja de roupas e havia lido
bastante sobre impérios de moda como o de Coco Chanel. “É uma vida
nova”, disse.
Fonte: Folha
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