O ex braço direito do pastor Marcos Pereira, o também pastor Rogério
Menezes, concedeu uma entrevista falando sobre seu rompimento com o
líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD), e sobre as
acusações que pesam contra ele.
Menezes rompeu com Pereira em dezembro de 2008, depois que soube dos casos de estupro na ADUD, e revela que uma das vítimas era sua esposa.
“No dia 30 de dezembro de 2008, minha mulher me contou que era
abusada por ele desde que entrou para a igreja. Nós éramos casados desde
1998, e ela disse que ele continuou os abusos durante o casamento. Ele
ameaçava ela e dizia que, se me contasse, iria difamá-la. Depois que
soube disso, não voltei para a igreja. Ele até me ofereceu dinheiro pelo
meu silêncio, dizia que não queria que eu largasse ele, mas não
aceitei. Na última vez que o vi, ele apenas confirmou tudo aquilo que
minha esposa havia me falado”, disse o pastor Rogério Menezes, que
atualmente, dirige uma congregação da Assembleia de Deus da Lapa e
trabalha no AfroReggae, dirigido por José Júnior, desafeto de Marcos
Pereira.
Segundo Menezes, enquanto esteve na ADUD, “não concordava com tudo,
mas acreditava que ele era um homem de Deus e relevava”. O ex braço
direito de Marcos Pereira afirma que o pastor recebia dinheiro dos
traficantes: “Uma coisa que sempre achei errada é o fato de ele pegar
dinheiro do tráfico para fazer cultos nas favelas. Paralelamente, ele
vendia a favela para parlamentares. Em épocas de eleição, ele cobrava
para ir com candidatos nessas mesmas comunidades. Outra farsa do pastor
eram as rebeliões em presídios. Em Benfica, por exemplo, foram os
presidiários que ligaram para ele pedindo ajuda. Ele disse: ‘Só vou
quando autoridades e a mídia pedirem’, o que acabou acontecendo. Ele só
queria sair por cima sempre”, disse, na entrevista ao jornal Extra.
Menezes acredita que sua segurança integridade física está sob risco
por ter rompido com Marcos Pereira e afirma que o pastor teria
encomendado seu homicídio: “Corro risco de vida. Pessoas ligadas a ele
na igreja vão às favelas para dizer que eu sou ‘X9’ só porque trabalho
no AfroReggae. Nos últimos cinco anos, sofri quatro tentativas de
homicídio em visitas a comunidades. Nessas ocasiões, os próprios
bandidos apontaram arma para minha cabeça e disseram que foi o pastor
Marcos que havia mandado me matar”, afirmou.
Rogério Menezes afirmou ainda que a encenação da recuperação
de crianças viciadas em crack não foi um fato isolado: “Eu subia o
morro para buscar as pessoas e levar para a igreja. Quando elas chegavam
bem, ele pedia para que eu falasse para os traficantes maltratarem,
darem tiro no pé, só para ele mostrar o antes e depois no culto”,
exemplificou o pastor.
Cachê no baile funk
Um novo depoimento colhido pela Polícia nas investigações em torno de
Marcos Pereira traz à tona novas acusações contra o pastor, segundo
informações do jornal O Dia.
Um homem que não teve o nome identificado disse que o líder da ADUD
cobrava cachês de até R$ 20 mil dos traficantes para ir pregar nos
bailes funks realizados nas comunidades do Rio de Janeiro, e ainda
cobrava 10% de tudo que fosse arrecadado na noite como uma espécie de
dízimo, que serviria para “purificar a alma”.
Instituto Vida Renovada
O surgimento das denúncias de estupro, associação ao tráfico, lavagem
de dinheiro e homicídios envolvendo Marcos Pereira fizeram com que o
governo do Estado do Rio de Janeiro desistisse da assinatura do convênio
para repasse de verbas ao Instituto Vida Renovada (IVR), uma ONG ligada
à ADUD.
A decisão de Rodrigo Neves, secretário estadual de Assistência Social
e Direitos Humanos, impede que a verba de R$ 1,2 milhão seja repassada
ao IVR. Em nota a Secretaria afirma que “somente estabelecerá convênios
com instituições habilitadas no processo de seleção pública 2/2012 e que
não tenham qualquer questionamento quanto às suas atividades”.
Em depoimento, Marcos Pereira afirmou que as atividades do IVR não
contém nenhuma irregularidade: “Desafio qualquer um provar que o Vida
Renovada não é idôneo”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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