A
Igreja Católica anunciou nesta segunda-feira a excomunhão do padre
Roberto Francisco Daniel, o padre Beto, de Bauru (SP). O padre é acusado
de cometer heresia e de ferir os dogmas da fé religiosa ao divulgar na
internet suas opiniões sobre o tratamento dado pela Igreja Católica aos
temas sexuais. Nos vídeos, o padre critica a igreja por manter uma
posição considerada retrógrada sobre a relação de parceiros bissexuais e
do mesmo sexo.
Segundo a Diocese de Bauru, o padre Beto foi
excomungado por um padre perito em Direito Canônico, nomeado juiz,
chamado pelo bispo de Bauru, Dom Frei Caetano Ferrari, para estudar a
situação. Ao analisar o caso, o juiz chegou à conclusão de que Beto
poderia ser excomungado e também enfrentar um processo de demissão do
Estado Clerical, que será enviado para o Vaticano. A Igreja se revoltou
porque as opiniões do padre chegaram em vídeos enviados à Confederação
Nacional dos Bispos, ao Núncio Apostólico e até ao Vaticano.
O anúncio de excomunhão foi feito em nota divulgada
pelo bispado e assinada por um Conselho Presbiterial Diocesano. A nota
explica a convocação do padre perito em Direito Canônico, nomeado como
juiz-instrutor e diz que houve tentativa de um último diálogo, mas que
Beto reagiu agressivamente, recusando o diálogo. Diante da negativa, que
teria ocorrido na presença de cinco membros do Conselho dos
Presbíteros, decidiu-se pela excomunhão.
"O referido padre feriu a Igreja com suas
declarações consideradas graves contra os dogmas da Fé Católica, contra a
moral e pela deliberada recusa de obediência ao seu pastor (obediência
esta que prometera no dia de sua ordenação sacerdotal), incorrendo,
portanto no gravíssimo delito de heresia e cisma cuja pena prescrita no
cânone 1364, parágrafo primeiro do Código de Direito Canônico é a
excomunhão anexa a estes delitos", diz a nota.
Fogueira
Padre Beto disse que foi pego de surpresa. Pelos
vídeos divulgados há duas semanas, ele foi advertido pelo bispo de que
deveria retirar os vídeos da rede social e internet e fazer uma
retratação, cujo prazo terminaria nesta segunda, mas ao chegar pela
manhã para entregar a carta de demissão, ele foi levado para uma sala,
onde havia cinco pessoas, o juiz e uma cadeira vazia. "Fiquei surpreso
porque fui cumprir o combinado com o bispo, que era para eu manifestar
até hoje e não participar de uma reunião", contou padre Beto.
"Quando me sentei na cadeira, perguntei se aquilo
era um tribunal e se a cadeira era para o réu. Como me disseram que era e
que eu seria o réu, eu me levantei e disse que estava ali para entregar
a carta, mas eles me disseram que não aceitaria a carta e que eles é
que iriam me demitir", contou. A situação, segundo Beto não durou mais
de sete minutos. Ele então registrou a carta em cartório para que fosse
levada ao bispo por um oficial de Justiça, mas o bispo não a recebeu.
Demissão
Padre Beto disse que não vai tomar qualquer
procedimento com relação ao caso. "Dou graças a Deus que hoje em dia não
existe mais fogueira, senão eu estaria queimado a essa hora", afirmou.
Segundo o padre, ele vai sobreviver com as aulas que leciona em três em
faculdades, em cursinhos de segundo grau e com suas palestras. Para ele,
sua excomunhão e possível demissão tem outra causa. "É fruto de
intrigas ''hierárquicas'', de colegas e gente invejosa que existem
dentro da igreja", disse.
O bispado informou que o juiz-instrutor tem
autoridade para fazer a excomunhão. O juiz e o bispo não quiseram dar
entrevista, mas a igreja informou que padre está excomungado, privado de
celebrar e receber todos os sacramentos e que enfrentará agora um
processo de demissão do Estado Clerical. O processo é sigiloso, iniciado
na Diocese e enviado ao Vaticano por se tratar de matéria reservada à
Santa Sé, que é a responsável pela sentença definitiva. A partir daí, o
réu não poderá mais se chamado de padre e fica impedido do exercício do
ministério sacerdotal. Já a excomunhão é a privação da recepção de
qualquer sacramento, mas se o padre demonstrar arrependimento a Igreja
poderá retirar a excomunhão, mas não a demissão do Estado Clerical.
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quinta-feira, 2 de maio de 2013
Igreja excomunga padre por defender homossexuais
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