Brasília (AE) - A oposição na Câmara e no Senado busca apoio para criar
uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A
intenção é apurar eventuais privilégios dados a grupos empresariais como
o do empresário Eike Batista. Em paralelo, o deputado César Colnago
(PSDB-ES) apresentou projeto retirando o sigilo bancário de todas as
operações do banco.
A oposição está recolhendo assinaturas no
Congresso para a instalação de uma CPI mista, com deputados e senadores.
Estão envolvidos na busca de apoio parlamentares de DEM, PSDB e PPS.
Para conseguir a instalação, é necessário obter o apoio de 171 deputados
e 27 senadores.
A movimentação foi iniciada após o jornal “O
Estado de São Paulo” ter publicado reportagem, ontem, mostrando que
contratos de empréstimos ao grupo do empresário Eike Batista sofreram
alterações vantajosas ao empresário, com adiamento de prazos de
pagamento, extensão de recursos e relaxamento de exigências. O banco
firmou 15 contratos no valor de R$ 10,7 bilhões com empresas do grupo X.
Ainda
segundo o jornal, o valor total dos empréstimos do grupo EBX somariam
R$ 10,7 bilhões e não só R$ 10,4 bilhões que o banco havia informado.
Para
o líder do PPS, Rubens Bueno, a constatação dos benefícios reforça a
necessidade de investigação. “Fica claro que o governo está usando o
banco para beneficiar alguns grupos especialmente escolhidos pelos
consultores de alto valor de mercado do PT. Queremos investigar não só o
caso que envolve as empresas de Eike Batista, mas todos os contratos do
BNDES. É muito dinheiro envolvido e há suspeitas de balanços
maquiados”.
BNDES
O
BNDES divulgou nota negando que tenha facilitado pagamentos de
financiamentos concedidos às empresas de Eike Batista. “O tratamento
dispensado pelo banco ao Grupo EBX é rigorosamente igual ao dado a
qualquer empresa tomadora de crédito no BNDES. O banco refuta, portanto,
quaisquer insinuações de que tenha havido vantagens ou tratamento
privilegiado nas concessões de financiamento ao referido Grupo”, disse o
BNDES.
O banco afirmou que a estruturação de garantias foi feita
“com o rigor usual adotado pelo BNDES em todas as suas operações,
obedecendo às melhores práticas bancárias”. A reportagem mostra que
algumas operações foram feitas com penhor de ações das próprias
companhias de Eike, cartas de fiança assinadas por empresas do grupo e
bens que ainda seriam comprados. O banco também negou que as empresas de
Eike “desfrutem de taxas de juros mais favoráveis que outros clientes.
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